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Estudo revela que o treino de habilidades sociais permite diminuir os efeitos dos déficits de comuni

  • Juliana Godoi
  • 28 de jul. de 2018
  • 3 min de leitura

Segundo o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, APA, 2013), uma das características que compõem o diagnostico de TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) consiste nos déficits persistentes na comunicação social e na interação social. Uma das deficiências que compõem este item do diagnóstico consiste nos déficits para desenvolver, manter e compreender relacionamentos.


Laugeson et al. (2015) conduziram um estudo para melhorar as habilidades sociais em jovens adultos com Transtorno do Espectro do Autismo: The UCLA PEERS Program. Os autores justificaram seu estudo afirmando que o número de adultos com TEA cresce a cada ano e habilidades sociais prejudicadas são um grande desafio para esta população. Segundo os autores, existem poucas intervenções baseadas em evidências para desenvolver habilidades sociais em adultos com TEA.


Segundo Cederlund et al. (2008), aproximadamente 26% dos adultos com TEA sem deficiências intelectuais levam vidas isoladas e improdutivas, com uma notável ausência de amigos e praticamente nenhum envolvimento ocupacional, profissional ou em atividades sociais recreativas.



O tratamento realizado no estudo de Laugeson et al. (2015) começava com aulas didáticas com os seguintes conteúdos: habilidades de conversação; meios eletrônicos de comunicação; desenvolvimento de redes de amizade e encontrar fontes de amigos; uso adequado do humor; estratégias de entrada e saída de grupos; organizar e ter sucesso em encontros com amigos; manipulação de bullying na escola ou local de trabalho; gerir a pressão dos pares; resolução de conflitos; estratégias relacionadas com etiqueta em encontros, inclusive mostrando interesse romântico, chamar alguém para sair, lidar com a rejeição e diretrizes gerais do namoro.


As aulas didáticas eram seguidas de dramatização e de perguntas que levavam o participante a se colocar no lugar do outro, por exemplo: “Como foi isso para a outra pessoa?”; “O que é que eles pensam de mim?”; “Será que eles vão querer falar comigo de novo?”. Em seguida eram feitos ensaios comportamentais, lições de casa para generalização do aprendizado e revisão das lições de casa.


Os resultados deste estudo mostraram que o grupo de tratamento melhorou significativamente em: habilidades sociais gerais tais como motivação social, cooperação e assertividade; frequência de engajamento social; e conhecimento de habilidades sociais. Laugeson et al. (2015) também observaram redução significativa dos sintomas do TEA relacionados com responsividade social; e diminuição do interesse restrito e dos comportamentos repetitivos. Segundo os autores, a maioria dos ganhos do tratamento foi mantida após 16 semanas (follow up) com novas melhorias observadas, tais como: assertividade; responsabilidade; e empatia.


Os autores discutem que estes resultados são encorajadores e destacam a eficácia e a durabilidade da intervenção na melhoria das habilidades sociais de jovens adultos de alto funcionamento com TEA usando assistência do cuidador. Os autores observaram, ainda, que a durabilidade dos ganhos do tratamento é resultado do envolvimento ativo do cuidador no programa, já que estes são orientados a manter as estratégias mesmo após o fim do programa.



Juliana Godoi Fialho é graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo no ano de 2006. Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Dissertação defendida em maio de 2009). Trabalha como psicóloga na Gradual (Grupo de Intervenção Comportamental), onde lida principalmente com crianças e adolescentes com desenvolvimento atípico.


Este post é um resumo de um dos artigos mais lidos no site Comporte-se e pode ser visto na íntegra aqui.



Referências

American Psychiatric Association. (2013). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing.


Cederlund, M., Hagberg, B., Billstedt, E., Gillberg, I., Gillberg, C. (2008) Asperger Syndrome and Autism: A Comparative Longitudinal Follow-Up Study More than 5 Years after Original Diagnosis. Journal of Autism and Developmental Disorders. 38: 72–85.


Laugeson, E. A., Gantman, A., Kapp, S. K., Orenski, K. O. & Ellingsen, R. (2015) Um estudo controlado randomizado para melhorar as habilidades sociais em jovens adultos com Transtorno do Espectro do Autismo: The UCLA PEERS Program. Journal of Autism and Developmental Disorders, 45 (12), 3978-89.


 
 
 

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